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terça-feira, 10 de maio de 2011

Pelo Jardim da Estrela

Com o esplendor da Primavera que nos enche os olhos e o Verão a chegar a passos largos, os espaços verdes e a natureza continuam a ser alvos preferenciais das objectivas dos Turistas, como já devem ter reparado pelos últimos posts. Eu tenho a sorte de ter um leque variado de sítios perto de mim que posso visitar e fotografar à hora de almoço e o destino de hoje foi o Jardim da Estrela. Já lá não ia há algum tempo, mas é um sítio de que gosto muito e que me transmite uma incrível sensação de paz, provavelmente porque no momento preciso em que trespassamos aqueles portões, o som do trânsito é imediatamente abafado pelas árvores centenárias e pelo chilrear dos pássaros que nelas vivem. 


Entrei pela Rua da Estrela, deparando-me desde logo com um dos vários lagos do recinto. Ali perto, os mais velhos jogavam às cartas para vencer o lento passar dos dias. Um pouco adiante, nas mesas de pedra, uma rapariga estudava afincadamente, ajudada pelo silêncio e podendo perder-se na matéria a contemplar aquela envolvente magnífica. Mais à frente aínda, uma estátua servia de modelo a uma aspirante a pintora, que até podia ser portuguesa mas que definitivamente parecia não o ser.


Um pouco mais à frente, outro lago, desta vez com gansos e patos, bem perto da esplanada onde se deve estar muito bem a almoçar num dia de calor. O ambiente é de descontracção geral, que se nota nas conversas amenas dos comensais, nas sestas nos bancos de jardim e até mesmo no arrastar lânguido dos animais à beira do lago.


A água é o elemento dominante deste grande jardim da cidade de Lisboa. Cada lago tem a sua peculiaridade: a envolvente, as estátuas ou as raízes impressionantes das árvores que ali crescem desde o século dezanove.


Continuando pelo parque, chegamos ao coreto que é um dos mais bonitos que já tive oportunidade de ver, rico nos floreados dos seus ferros forjados, magnífico no seu tecto trabalhado, apelativo na sua escadaria. E recuperado, o que é sempre algo a referir, pois outros há por aí que são igualmente belos mas que estão completamente ao abandono.


Antes de terminar a visita, quis passar pelo miradouro, mas continua fechado por risco de derrocada. Apesar de haver quem estivesse a passar as barreiras - há sempre, à boa maneira portuguesa -, optei por não o fazer. Tenho alguma tendência para levar esses avisos a sério e não me apetecia ser eu a destruir uma parte do jardim. Ficará para a próxima, que será em breve. E sei que terei pelo menos um banco como este à minha espera quando lá for.

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