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domingo, 17 de junho de 2012

Águas Livres sobre o Vale de Alcântara



Estava há uma vida para ir ao Aqueduto. Pensava nisso quando passava lá por baixo, pensava nisso quando o via do autocarro ou da janela do escritório, mas havia sempre algo a impedir-me de o fazer. O principal motivo era ter que marcar a visita para quase um ano depois, o que é bastante desencorajador. Mas, para quem não sabe, a travessia do Vale de Alcântara pelo aqueduto reabriu ao público a vinte e três de Março e é visitável de Segunda a Sábado, das dez às cinco e meia até trinta de Novembro. Ou seja, já não há obstáculos, desculpas ou justificações. Por isso lá fui, no Sábado de manhã da passada semana. 

A entrada faz-se por Campolide e somos recebidos por um jardim bem cuidado. Invariavelmente, os guardas têm que chamar os visitantes para pagar o bilhete, já que a casinha onde estes se vendem fica fora da zona de passagem e quase fora do ângulo de visão. Mal pensado, não?  


Enveredando pelo estreito caminho que nos leva ao cimo das arcadas, foi com surpresa que fiquei a conhecer o bairro que ladeia o aqueduto. Quem o vê das ruas não imagina o tamanho das casas e dos jardins que se vislumbram, uns bem cuidados, outros nem por isso, mas sempre uma surpresa no coração da cidade. Sossegado, desce até à Calouste Gulbenkian, estando os ruídos do trânsito abafados pelas árvores e pela topografia natural do terreno.


Desta face, a vista não é a mais interessante, marcada pelo alcatrão das estradas e pelo betão dos prédios. Espero que se possa passar para o outro lado, pensei.


E pensei bem. Uma das portas dos torreões está aberta e permite satisfazer a minha vontade. Ao atravessar, podemos ver os túneis do aqueduto, que se estendem por centenas de metros e nos dão uma sensação de infinito, como quando dois espelhos paralelos reflectem um objecto em si mesmos vezes e vezes sem conta. Esta é sem dúvida a imagem mais marcante da visita.


E deste lado, o betão e o alcatrão são substituídos pelos tons quentes do casario, pelo traçado hipnotizante das linhas férreas, pelo verde do arvoredo e pela luz do Tejo, recortada pelos pilares da Ponte Vinte e Cinco de Abril, imagem inultrapassável no perfil de Lisboa. Bem mais interessante. Bem mais Lisboa.


Andando um pouco, encontramo-nos com a famosa placa que nos diz estarmos por cima do Arco Grande, a mais de sessenta e cinco metros do nível da água.


Para completarmos a travessia do vale de Alcântara, temos que passar novamente para o outro lado dos túneis. O Aqueduto muda de direcção um pouco mais à frente e é dessa parte que conseguimos ter a melhor visão das arcadas. 


A combinação de ângulos entre as várias paredes é fantástica...


Apesar de o aqueduto se estender até Belas, o nosso passeio termina com um portão que nos separa do arvoredo de Monsanto, ficando a vontade de um dia seguir a pé ao longo de todo o caminho. É tempo de regressar e, passado o jardim, uma visita ao tal bairro de ruas numeradas dá-nos uma voa vista das arcadas por onde passeáramos minutos antes.


Resolvemos ir até Belas para ver os primeiros quilómetros de aqueduto. Infelizmente, a maioria da construção está em terrenos privados, por isso apenas dá para ter uns vislumbres de alguns torreões e canais. Para a próxima, tentarei ir às várias mães d'Água espalhadas pelo seu traçado, já que é aí que tudo realmente começa...

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