Aquele jardim foi o nosso recanto durante a tarde, durante as tardes daquele mês de Maio. Já não me lembro do ano nem interessa, foi em Maio.
Num jardim que foi criado para formar botânicos, íamos lá para aprender anatomia. A das bocas que não se largavam, das línguas que se entretinham e tentavam distrair a atenção das mãos que exploravam o outro corpo, as coxas, os seios, as ancas, eu sei lá…
Não era anatomia que aprendíamos. Era a amar. Nas tardes sem aulas (e às vezes em vez das aulas), íamos ensinar-nos aquilo que mais ninguém nos ensinava. Lições que ainda hoje sei, ao contrário das outras, as da manhã, passadas a ansiar que acabassem, a ansiar por ti.
Nunca esqueci o dia em que decidiste acabar com as nossas tardes. Do dia em que aprendi que nunca se é suficientemente crescido para não chorar, o primeiro dia em que não te acompanhei até à paragem do eléctrico que te levava a casa.
O primeiro dia em que saí do jardim sozinho, para nunca mais lá voltar durante quase vinte e cinco anos.
Até hoje…
Ao ler o seu texto fez-me andar anos atrás na minha memória.... não neste local mas noutro mais distante mas em que as vivências e aprendizegens foram talvez semelhantes! Obrigada! :) É sempre bom recordar e acompanhado de iamgens como estas ainda melhor.
ResponderEliminarÓtimo trabalho!