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terça-feira, 15 de março de 2011

Por outro lado...

Vivi vinte e oito anos da minha vida em Almada. Nos primeiros oito, morei num décimo quinto andar perto do rio, o que tornou a vista sobre Lisboa na primeira coisa por que me apaixonei no que à cidade onde nasci respeita. Não era exactamente esta, mas era muito parecida...


Depois mudei-me para as zonas mais recentes de Almada, que são (muito) feias e responsáveis pela imagem menos positiva que a generalidade das pessoas tem daquela terra. Ainda assim, Almada velha era o sítio que me acolhia nos passeios, nos amores, nas longas tardes e noites de teatro, nos passeios à beira-rio e em tantos outros momentos da minha adolescência e início da idade adulta. Tanto que, quando aos vinte e dois saí de casa dos meus pais, foi para o centro de Almada que fui viver e isso aproximou-me ainda mais daquela zona da cidade. Dois dos meus lugares favoritos no mundo são ali. Mas a eles voltarei noutra altura. Por hoje fico-me pela beira-rio e pela janela sobre Lisboa que essa zona é. 


O cais do Ginjal faz parte da história da minha família. O meu avô viveu lá durante muitos anos e o meu pai, na sua infância, aprendeu a nadar nas águas do Tejo, que ainda era suficientemente limpo para permitir tais aventuras. Depois, com o passar dos anos, as casas que dormiam sobre o rio degradaram-se aos poucos, afectadas pelo vento salino do Atlântico e pelo desleixo dos homens. Sempre me lembro do cais do Ginjal com as suas casas em ruínas, os seus pontões cheios de pescadores e a promessa nunca cumprida de requalificar aquele pedaço da cidade. Requalificada está apenas a área que circunda o elevador que nos permite ir de Almada velha para a beira do rio, que conta com um belo jardim, bem arranjado e cativante, que nos chama para a leitura ou para a mera contemplação.   


Se seguirmos pelo jardim, entramos no cais propriamente dito, onde as lages do chão brilham, gastas pelo tempo e pelas ondas mais rebeldes, e os artefactos portuários se impõem ainda, apesar de comidos pela ferrugem. E, uns metros à frente, temos esta visão quase inusitada, pois quem não conhece o sítio jamais imaginaria que no meio daquelas casas à beira da derrocada pode haver um restaurante.  


Mas há. Dois, até. O primeiro, que é responsável por esta cena magnífica, é definitivamente um dos meus favoritos na zona de Lisboa, pelo espaço, pela vista e, especialmente, pelo melhor arroz de cabidela que conheço.


Se seguirmos pelo cais e olharmos para trás, vemos a ponte em todo o seu esplendor. 


A ver pela amostra, gostava mesmo de ter conhecido o Cais do Ginjal nos seus tempos de glória.


Glórias agora, só as destes pescadores. Ou talvez não.

6 comentários:

  1. Ai mulher, que me deixaste com saudades...

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  2. Adorei as fotos...temos que ir lá experimentar o restaurante...

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  3. :) E aposto que vais gostar da cabidela :)

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  4. Ena, o Ponto Final!! Há que anos não o via. Parabéns, novamente, Susana. Fantástica reportagem, como sempre!

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    Respostas
    1. Obrigado Sharon! Continua óptimo, tens que lá ir...

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    2. Nada a agradecer! Obrigada por me dizeres que o Ponto Final não se degradou com a passagem dos anos. :)

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