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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

No templo dos livros



O último passeio que aqui contei tinha deixado em aberto a promessa de mostrar a Ler Devagar, uma livraria instalada no que já foi um pavilhão de uma gráfica, no antigo aglomerado industrial de Alcântara que hoje é a Lx Factory.

A Ler Devagar não é um sítio a que se vai. É um sítio para onde se vai. Para ficar. O cliente da Ler Devagar é o cliente que vai lá para passar uma tarde a ler, a discutir ideias que leu, a escrever ou a fazer qualquer outra coisa que aqui se lhe inspire.

Porque este é um sítio inspirador para quem gosta de livros. As suas paredes gigantes estão forradas por livros (novos, velhos, raros, especializado, etc.) a perder de vista, organizados em prateleiras temáticas, como em qualquer livraria. A diferença é que aqui há livros, muitos, fora das prateleiras. Livros que estão sobre as muitas mesas, como que deixados a um livre arbítrio que os impeliu para fora da arrumação temática. Uma vontade que ninguém contraria, do mesmo modo que não se contrariam os animais sagrados na Índia.





Esta não é uma livraria. É um templo. É um local a que os fiéis devotos se deslocam para estar e honrar o deus-livro que adoram, para que este lhe dê as forças e a paz que a vida às vezes rouba.

Como num templo, aqui também há um altar. É a rotativa de impressão de jornais, uma máquina ciclópica que domina o centro deste templo e cujos pequenos recantos foram aproveitados para albergar dois cafés e, no seu topo, as obras de Pietro – um artista que se dedica à concepção de objectos cinemáticos.

Estou mesmo convencido que é a devoção que anima quem cria uma livraria assim. Alguém que cria um negocio que sabe à partida que não vai ficar rico e que se marimba para isso. Prefere fazer o que gosta, dedicando-se aos livros – e também a outras artes que a Ler Devagar não esquece –, dando-lhes um espaço único numa cidade onde fazia falta. 

Estar em Lisboa e não visitar a Ler Devagar é um sacrilégio que ninguém deve cometer. 




1 comentário:

  1. Excelente reportagem. Muito obrigada pela divulgação de um espaço que eu, de todo, desconhecia mas que tenciono rectificar, de imediato, essa falha.
    Maria

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