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quarta-feira, 15 de maio de 2013

Caretos e máscaros - a Ibéria na baixa lisboeta


No ano passado senti uma pena imensa por ter deixado escapar o desfile da Máscara Ibérica. Este ano só não o perdi por um triz, graças a um colega de trabalho sempre atento. Obrigado! Peguei nos miúdos e lá fomos nós no Sábado para o Terreiro do Paço, de onde partiria o desfile integrado no Festival Internacional da Máscara Ibérica, não sem antes passar pelo Rossio, o centro da mostra de produtos regionais de Portugal e Espanha. O sítio perfeito para fazer tempo até às quatro e meia.
 

Chegada a hora, já no Terreiro do Paço, os curiosos vão-se juntando no local de partida do desfile.


Um bom sítio para assistir a uma parada de horrores fantástica, onde o grotesco e a cor andam de mãos dadas, onde os corações batem ao ritmo dos bombos e dos sustos .    


E são precisamente os bombos que anunciam o que aí vem, marcando o início da marcha.


E do barulho ensurdecedor, passa-se para um mar de cor, marcado por rostos e corpos de todas as idades e feitios, escondidos por máscaras e fatos de toda a sorte.




Chapéus fantásticos rasgam o azul intenso do céu...



... distraindo os menos atentos, que rapidamente se vêem agarrados por enormes tenazes, passando a ser o centro de toda a espécie de judiarias. 


Caretos de cortiça e fatos feitos de mantas tradicionais mostram a ibéria em toda a sua tradição.


E nem (e sobretudo) as crianças escapam às diabruras destes marchantes.


Mas nem tudo são caras feias...


... e por trás de cada máscaro há quase sempre um sorriso, marcado pela alegria contagiante do momento.


Quase a fechar a parada, o som dos chocalhos marcados por muitos, mas muitos saltos e corridas...

 



 ... sem deixar para trás os caretos mais assustadores...
 

 ... e não faltando sequer uma chuva de cinzas para os mais incautos.


Assim segue a parada pela Rua do Ouro, a caminho do Rossio...


... onde estes seres monstruosos são recebidos por marcada efusão e braços sempre abertos.


E foi assim, um Sábado diferente num dia glorioso na nossa amada Lisboa.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Debaixo da Baixa, pelas Galerias da Rua da Prata

Todos os anos, no final de Setembro, no âmbito das Jornadas Europeias do Património, o chão da Rua da Conceição abre-se mesmo em frente ao número setenta e sete, permitindo-nos visitar as galerias romanas da Rua da Prata, talvez o mais bem conservado vestígio da antiga Olisipo, cidade de grande importância para o império romano. Uns dias antes os bombeiros retiram a água que invade estes túneis durante todo o ano, continuando a bombeá-la nos três dias em que o espaço se torna visitável. E assim se monta um enorme aparato em pleno coração da Baixa, permitindo a quem quiser - e tiver tempo e coragem para enfrentar uma longa espera - descer às entranhas da cidade e tomar consciência da importância que sempre tivemos no mundo, hoje em dia tão posta em causa por engravatados de secretária.




Aproveitando o facto de não estar a trabalhar, convidei os meus sogros a acompanharem-me, de modo a ter o bebé por perto caso a coisa desse para mais tarde do que o previsto. Assim, enquanto ele foi passear com a avó, eu e o avô rumámos às galerias. Pouco passava das dez da manhã, hora da primeira visita, e a afluência era já enorme. Não tardou também a que se formasse uma fila considerável atrás de nós. Pelos vistos, a escolha do dia e da hora foi perfeita. 


Alguma conversa com as outras pessoas na fila e os discursos deste vendedor do Borda d'Água (e não só) ajudaram a passar o tempo. Afinal, esperámos quase uma hora e meia até que chegasse a nossa vez. Podem estar três grupos de vinte a vinte e cinco pessoas a visitar as galerias em simultâneo, por isso até foi mais rápido do que eu antecipei quando vi a fila.  


É claro que tamanha fila ia despertando a curiosidade dos transeuntes... 


E assim se aproximou a nossa vez. Eu sou um pouco claustrofóbica, por isso a ideia de entrar por um buraco no chão que passa mais de trezentos e sessenta dias por ano submerso não me deixa muito confortável. Valeu-me a longa espera, que me impediu de desistir.


Apesar de a descida meter um pouco de impressão - a mim, pelo menos - e de termos que nos habituar à humidade e ao calor que se faz sentir, a primeira galeria é bastante ampla. Quando o grupo se reúne finalmente - a descida demora algum tempo - ouvimos uma explicação da técnica do Museu da Cidade que nos acompanha ao longo da visita e que vou reproduzir de forma muito breve. Apesar de inicialmente se ter julgado que ali teria havido umas termas - sobretudo devido à proximidade das Termas dos Cássios - há agora bastante certeza que o lugar se trata de um criptopórtico, uma construção abobadada pensada pelos engenheiros romanos para suportar edifícios em terrenos instáveis. Parece também haver alguma evidência de que algumas das celas terão sido usadas para armazenamento. Afinal, Olisipo era um dos mais importantes portos do império e um centro comercial chave para a economia da época.  


O que é certo é que esta construção resistiu já a dois terramotos: o de mil setecentos e cinquenta e cinco e outro que se julga ter ocorrido na época romana e que terá tido uma magnitude similar. A edificação terá sido descoberta na altura do segundo terramoto, durante a reconstrução da baixa pombalina. Mais tarde, a população usava os poços que vão ter às galerias para se abastecerem de água, prática que foi proibida no início do século XX por suspeitas de insalubridade da água. Desses poços vêem-se estas 'chaminés', que vão pingando água para cima das nossas cabeças ao longo do percurso. 


Apesar de haver algumas paredes com as habituais assinaturas de mentes energúmenas, outras marcas há que representam as visitas dos técnicos ao longo dos anos. Como esta, com setenta e oito anos... uma pequena gota de tempo nos milénios que duraram estas paredes mas, ainda assim, uma marca interessante. A abertura ao público deu-se apenas durante os anos sessenta e, desde então, milhares de pessoas já terão visitado este local. 


O espaço é mais pequeno do que eu tinha antecipado. Conta com várias celas abobadadas, como estas, e é bem visível o nível a que habitualmente se encontra a água.


Na parte mais funda das está a Galeria das Nascentes, onde se vê a água a brotar do chão através de uma fractura no cimento. Existe outra equivalente no tecto e ambas são constantemente monitorizadas, também para tentar perceber se a retirada anual da água está ou não a afectar a estrutura. Segundo a nossa guia, as fracturas apenas se contraem ou expandem com a temperatura, o que prova uma vez mais o engenho dos engenheiros da época e a qualidade do cimento usado, que se pensa ser um antepassado do betão.


Apesar de o pé direito das galerias ser quase sempre amplo, há algumas zonas em que temos que nos curvar e andar quase de cócoras, como é o caso desta última galeria.


E assim termina o passeio. Dura apenas vinte minutos, mas justificam bem a espera. 


Por isso já sabem: poderão visitar as galerias amanhã ou Domingo. Deverá estar muito mais gente do que aquela que eu apanhei, mas podem tentar ir cedo. A abertura é às dez da manhã e o horário da última visita é às cinco e meia, mas poderão fechar a fila antes dessa hora, consoante a afluência. Levem calçado fechado, vai molhar-se de certeza. Se não conseguirem, para o ano há mais.

Para saber mais:

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