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quinta-feira, 4 de julho de 2013

A Praça de Babel e o mergulho do dragão

Há zonas de Lisboa que são estigmatizadas, tratadas como sendo... piores do que as outras. Mais feias, menos apelativas, mais perigosas. Onde não se gosta de ir. Onde não se quer ir. Com má fama, no fundo. Era assim no Intendente. Era assim no Martim Moniz. Mas agora não. Já não. 


O Martim Moniz vestiu-se de cor. Postes decorados com patchwork de croché e tricot, de cores e formas tão diversas que a mistura não pode ser mais do que excelente. Tal como o Intendente, antes uma zona degradada, agora uma mistura de culturas que lhe trouxeram uma nova vida. Uma nova paz. 


Um dragão gigante, feito com peças de computadores e telemóveis, nada no meio da praça do Martim Moniz, marcado pela sombra de mil bandeiras debaixo do sol do meio-dia. Uma homenagem à comunidade chinesa feita em dois mil e doze, Ano do Dragão. 


Bandeiras que cortam o céu azul e dão um novo enquadramento ao nosso Castelo.


Cadeiras e mais cadeiras bem ordenadas à sombra, a convidar ao descanso...


... e ao fundo, um pequeno quiosque coberto com panos africanos mas que nos encheu a alma de fado, a nossa marca indelével nesta Babel em Lisboa.


E, ali mesmo ao lado, os quiosques do mercado de fusão, onde se encontra comida de tantas partes do mundo, onde se pode assistir a demonstrações culinárias; onde o chão parece estar suspenso no ar. Um sitio que se presta a tantos eventos quantos tem havido nos últimos meses e que prometem estender-se por este verão fora.


E agora? Ainda vos falta vontade de ir ao Martim Moniz?

sábado, 9 de junho de 2012

O fado nas paredes

Resolvidos de manhã os compromissos que nos obrigaram a passar em Lisboa o primeiro dia de uma semana de férias, e com a miúda na escola, decidimos ir almoçar às Portas do Sol, aproveitando algum calor da Primavera lisboeta que finalmente parece reencontrar a sua identidade.
O plano era, depois de almoço, descer pela Rua do Limoeiro até à Sé e aproveitar o resto da tarde para a visitar. Mas o parque de estacionamento das Portas do Sol estava completo e foi impossível estacionar nas ruas circundantes. Voltámos a descer até à Praça da Figueira, onde estacionámos para ir finalmente experimentar as sandes de leitão da Merendinha, na Rua dos Condes de Monsanto, que há tanto nos andavam a escapar.
E que bem nos saiu o desvio! Aquelas lascas de leitão entre as duas metades de um papo-seco, acompanhadas de uma tacinha de branco, são dignas de figurar nos melhores guias gastronómicos da cidade. Uma experiência de que nenhum lisboeta se deve privar. 
Separámos os nossos caminhos ali. Ela em direcção ao carro e aos seus afazeres e eu no sentido inverso. Queria manter o meu plano de ir à Sé, agora subindo pelo Largo do Caldas. Mas, logo no início da Rua da Madalena, o meu percurso desviou-se para atravessar o pequeno arco que conduz às Escadinhas de São Cristóvão.
Os arcos de Lisboa, tantos que tenho explorado enquanto Turista, escondem atrás de si recantos pacatos. Pequenos largos, praças e terreiros que são ilhas de serenidade imunes à efervescência da cidade. Os arcos de Lisboa são istmos. São pórticos mágicos onde não entra o barulho, o calor ou os gases da queima do gasóleo.

No caso deste, a magia é outra. As Escadinhas têm um grupo de amigos que decidiu um dia dar vida a uma parede morta e, como estamos na Mouraria, projectou um mural dedicado ao fado. Um mural que evoca os heróis da canção de Lisboa numa pintura bondosa e libertina, colorida e sensual, alegre e engenhosa. Uma pintura assim:






O caminho para a Sé prosseguiu minutos depois. Mas isso fica para a próxima…

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Numa tarde domingueira

Domingo amanheceu sem nevoeiro e pude manter a combinação que tinha feito com um amigo de irmos tirar fotografias para o Castelo na parte da tarde. Estacionámos nos Restauradores e entrámos pelo Largo de S. Domingos que, entre castanhas assadas, ginginha e um enorme amontoado de gente de inúmeros países, raças e credos, é provavelmente a zona mais internacional de Lisboa.


A partir da Praça da Figueira, lá fomos nós pela João das Regras, de narizes no ar e máquinas em punho, preparados para começar a subir, ainda sem saber se pela Sé, se pela Mouraria. Quando vimos as escadas do Beco dos Surradores, nem hesitámos: seguiriamos à aventura pelas ruelas estreitas que galgam a colina, onde os prédios quase se tocam, os carros passam a custo e se vive um ambiente que mistura a aldeia com a urbe impessoal, com moradores antigos e novos, com cumplicidades e indiferenças, com prédios degradados, tristes e quase inabitáveis e prédios recuperados, magníficos e inacessíveis a tantos que poderiam realmente dar uma nova vida à cidade.


Aqui e ali, a dedicatória de um ou outro artista apaixonado pela cidade e pela sua gente. Um pouco por todo o lado, muitos grafitis, de uma maneira geral aleatórios e sem propósito mas, por vezes, sendo quase mensageiros da cidade que se vê cada vez mais deserta e abandonada e com cada vez menos histórias para retratar numa parede.



 
Seguimos caminho, da Mouraria para a Graça: Rua das Farinhas, Costa do Castelo, Rua de S. Tomé e um pequeno desvio até ao miradouro das Portas do Sol. É que se Lisboa é feita de contrastes, o maior é o que se sente quando, no fim de uma ruela, nos deparamos com a cidade e o rio a perder de vista.


Já no castelo, percorremos o bairro labiríntico que nos leva à entrada principal, onde domina a cor da roupa estendida, de alguns prédios recuperados, das lojas turísticas e de rostos que assomam à janela, sempre com uma resposta afável ao nosso 'boa tarde' e o sorriso próprio de quem aprecia aquele rebuliço diário que contraria a monotonia dos dias que já vão longos nas suas vidas.


Não imagino o que seria de Lisboa sem o Tejo, sem o seu contraste com a luz amarela, branca e vermelha do casario, que se vai desvanecendo com o passar das horas...




... e quando essa luz acaba, aí começa o número que se segue.






A luz de Lisboa não me apaixona só de dia. Hoje o meu coração ficou ali, no Castelo, quando caiu a noite.


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