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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A luz intensa


Já tenho trazido aqui muito daquilo que forma esta cidade: as ruas, os mercados, as lojas, das pessoas e os monumentos. Apercebi-me há uns tempos que nunca tinha feito nada sobre uma das grandes paixões de Lisboa (e de outras deste país, mas isso não vem ao caso) - o futebol. É esse o meu tema de hoje. 


Ou melhor, o tema de hoje é o Benfica. Que me desculpem os que preferem outras cores - o verde e o azul de Belém também têm o seu  merecido espaço no coração dos lisboetas - mas eu sou do Benfica. 


O Benfica é vermelho. Vermelho como as papoilas do Piçarra, como os cravos da democracia, como o sangue que nos aquece os ossos. O Benfica é a história de gigantes bons, de campeões que choram quando perdem e que não desonram aqueles a quem ganham. Porque o Benfica não odeia os adversários.

O Benfica é o João Pinto a - quase sozinho - vencer os de verde e o temporal e a lama. É o Chalana a inventar espaços que só ele vê, é o Rui a jogar sem esforço e a passar a bola por sítios onde não cabe, é o Nené a fazer golos atrás de golos sem quase tocar na bola.

O Benfica é o drama do penálti do Veloso, do Feher a cair em campo e do joelho do Mantorras. São tantos os titãs que ninguém se devia atrever escrever sobre eles numa mera entrada num blogue.




Esta magia vermelha tem uma manifestação física - o Estádio da Luz. Diferente do velho estádio, capaz de reunir 120.000 corações - todos por um - numa tarde de glória, o estádio de hoje corresponde às exigências civilizacionais modernas, os mesmos que nos trouxeram a fruta calibrada, as leis antitabágicas e os coletes reflectores. A sociedade que temos hoje é mais segura e mais higiénica, mas eu preferia que não me tivesse tirado a velha Luz cheia que nem um ovo e, já agora, o tartan liso do campo de treinos onde passei tantos fins de tarde.



A Luz de hoje tem restaurantes e ginásios com vista para o relvado, lugares marcados, camarotes de empresa e, reza o mito urbano, um balneário com piscina para a equipa da casa. 




O que se mantém igual é o que nos leva até lá: os que envergam as nossas cores, os magos que nos enfeitiçam durante hora e meia, os que sobre a relva desafiam as leis da física e as limitações do físico. Eles, os jogadores do Benfica, são os que cumprem o sonho que tiveram os miúdos que, afinal, acabaram por ser contabilistas, pedreiros ou arquitectos.

Mas esses não estavam na Luz quando lá fui na passada terça-feira.








domingo, 10 de fevereiro de 2013

Entre Campos


Há mais de um ano que planeava fazer este passeio, a começar no Campo Grande e a terminar no Campo Pequeno. No último fim-de-semana consegui finalmente fazê-lo. Sabia de antemão que me iria deprimir quando entrasse no Jardim do Campo Grande, completamente ao abandono. É certo que a imagem que tenho da minha última visita "em vida" (do espaço, claro está) era já de algo decadente e sujo, à beira de perder os seus últimos visitantes. Foi então com surpresa que descobri que, finalmente, as obras de requalificação estão a avançar. Bem, pelo menos a parte norte do jardim está vedada e os trabalhos parecem estar em curso. De acordo com este texto, o processo terá tido início em Agosto e deveria durar sete meses, se bem que não me tenha parecido que haja ali apenas um a dois meses de trabalho pela frente. Espero estar enganada.

A parte sul do jardim, no entanto, está bem arranjada. Tirando a antiga piscina, abandonada, mas que parece também em vias de recuperação, tudo está limpo e relativamente arranjado -, com um denso arvoredo que nos isola dos ruídos de uma das zonas com mais trânsito de Lisboa.




Nunca tinha vindo a esta zona do jardim, por isso foi com grande surpresa que me deparei com este lago cuja existência desconhecia. E, digo-vos, é muitíssimo bem frequentado pelos senhores que se seguem...



É claro que nada nos prepara para a bizarria desta estátua, literalmente retirada de um cartoon do SAM (um dos seus últimos trabalhos) e apelidada de Infância.


Uma das coisas que mais me surpreendeu foi a quantidade de pessoas a correr e a andar de bicicleta. A ciclovia ajuda, claro! Era tão bom que se estendesse a todas as zonas de Lisboa...


E é assim, num instante, que se chega à Praça de Entrecampos, onde reina o Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular.


Seguindo em frente, a estação de Entrecampos paira sobre as nossas cabeças, escondida pela sua armadura ondulante.


A Avenida da República, ampla, abre-se com poucos carros, algo impensável durante a semana, iluminada pelo sol de inverno reflectido no asfalto molhado.
   

Ao entrar no Campo Pequeno, dou de caras com um mercadinho biológico, mais pequeno do que o do Príncipe Real mas, ainda assim, muito acolhedor.



A Praça de Touros ergue-se imponente deixando-me, como sempre, dividida. Como pode um edifício tão espantoso ter sido desenhado para acolher algo como uma tourada? 



Felizmente, nem só de touradas vive o Campo Pequeno e na quinta-feira lá estarei para o concerto de um dos meus grupos favoritos. Há quase três anos que não vou a um concerto, mas a este não poderia faltar.



Estava na hora de voltar. A Avenida da República prima por ter prédios e palacetes magníficos, lado a lado com outros perfeitamente horríveis, infelizmente. 


Já perto do Campo Grande, ergue-se a Biblioteca Nacional, imponente. Fica a promessa de uma visita a breve trecho.


E assim voltei ao ponto de partida, a Cidade Universitária, com a alameda forrada a verde. Foi um belo passeio. Espero que as obras da parte norte do jardim não se eternizem como tantas outras na nossa cidade...

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